CABRÉ, Jaume. As Vozes do Rio Pamano. [Les veus del Pamano] Trad. Jorge Fallorca. Lisboa: Edições Tinta-da-china, 2008. ISBN 9789728955724
N.º de páginas: 656
Sinopsi / Sinopse:
«As Vozes do Rio Pamano» é um romance de fôlego acerca das complexas histórias individuais que se ocultam por detrás da história da Guerra Civil de Espanha, cujas reminiscências perduraram ao longo de toda a transição do país para a democracia e que ainda hoje se fazem sentir, marcando a memória colectiva espanhola.
Certo dia, no ano de 2001, uma professora e fotógrafa desloca-se à povoação de Torena para recolher material didáctico da velha escola que está prestes a ser demolida. Esta trivial circunstância irá desencadear a revelação de um enredo complexo, pois Tina toma posse de um caderno manuscrito que ali permanecera escondido ao longo de décadas e que contém as memórias do mestre-escola, numa carta que nunca chegou ao seu destinatário. Pouco a pouco, interpelada pelas experiências e pelos factos contados por Oriol Fontelles, Tina deixa-se envolver na memória histórica da aldeia, situada no epicentro da repressão franquista. E assim o leitor fica a saber como as coisas se passaram em Torena: assassínios e vinganças; jogos de poder e influência; medo e intimidação; combatentes da resistência, fascistas e heróis anónimos, cujas vidas permaneceram envoltas na bruma dos tempos e do esquecimento, obliteradas pela reescrita da própria história.
Certo dia, no ano de 2001, uma professora e fotógrafa desloca-se à povoação de Torena para recolher material didáctico da velha escola que está prestes a ser demolida. Esta trivial circunstância irá desencadear a revelação de um enredo complexo, pois Tina toma posse de um caderno manuscrito que ali permanecera escondido ao longo de décadas e que contém as memórias do mestre-escola, numa carta que nunca chegou ao seu destinatário. Pouco a pouco, interpelada pelas experiências e pelos factos contados por Oriol Fontelles, Tina deixa-se envolver na memória histórica da aldeia, situada no epicentro da repressão franquista. E assim o leitor fica a saber como as coisas se passaram em Torena: assassínios e vinganças; jogos de poder e influência; medo e intimidação; combatentes da resistência, fascistas e heróis anónimos, cujas vidas permaneceram envoltas na bruma dos tempos e do esquecimento, obliteradas pela reescrita da própria história.
Sobre l'autor / Sobre o autor:
Jaume Cabré é um dos mais conceituados e premiados autores catalães da actualidade. Nasceu em Barcelona, em 1947. Licenciado em Filologia e professor catedrático de Língua e Literatura, converteu-se num dos mais importantes romancistas das letras catalãs. Os seus romances foram reconhecidos e galardoados com os prémios mais significativos da crítica espanhola e internacional.
É autor consagrado de inúmeros guiões cinematográficos e televisivos, de que se destaca a série La Granja (1989-1992). Entre os seus romances mais celebrados, contam-se La teranyina (A Teia de Aranha, 1984), Fra Junoy o l’agonia dels sons (Irmão Junoy ou a Agonia dos Sons, 1984), L’ombra de l’eunuc (A Sombra do Eunuco, 1996). A tinta-da-china publicou em 2007 Sua Senhoria. As Vozes do Rio Pamano (tinta-da-china, 2008), publicado pela primeira vez em 2004 e posteriormente traduzido em 12 línguas, foi o romance que mais celebrizou o autor em toda a Espanha, tendo vendido mais de 200 mil exemplares.
Jaume Cabré foi galardoado em 2010 com o Prémio de Honra das Letras Catalãs.
É autor consagrado de inúmeros guiões cinematográficos e televisivos, de que se destaca a série La Granja (1989-1992). Entre os seus romances mais celebrados, contam-se La teranyina (A Teia de Aranha, 1984), Fra Junoy o l’agonia dels sons (Irmão Junoy ou a Agonia dos Sons, 1984), L’ombra de l’eunuc (A Sombra do Eunuco, 1996). A tinta-da-china publicou em 2007 Sua Senhoria. As Vozes do Rio Pamano (tinta-da-china, 2008), publicado pela primeira vez em 2004 e posteriormente traduzido em 12 línguas, foi o romance que mais celebrizou o autor em toda a Espanha, tendo vendido mais de 200 mil exemplares.
Jaume Cabré foi galardoado em 2010 com o Prémio de Honra das Letras Catalãs.
Um livro inesquecível
A aparição em 2004 de As vozes do rio Pamano na Catalunha coincidiu com o momento em que se começava a falar da recuperação da memória histórica, mas sobretudo supôs o regresso às livrarias de um dos autores mais amados do público leitor catalão. Jaume Cabré, um dos escritores de maior prestígio do país regressava com um romance. Nesta ocasião Cabré utilizava a figura mítica da aldeia de Torena –inexistente–, encravada entre a geografia abrupta de Pallars e do rio Pamano para traçar uma história sobre como o poder manipula a História e constrói falsas verdades.
As vozes do rio Pamano começa com uma imagem quase trágica: o processo de demolição de uma velha escola rural. Com esta imagem tão coetânea, Cabré alertava-nos para múltiplas coisas: o desaparecimento do mundo tradicional rural e, portanto, da perda para sempre de um património essencialmente oral; a perda dos símbolos de identidade dos povos –neste caso a escola, onde, para o bem ou para o mal, se formaram as diferentes gerações; e, já num plano metafórico, o desaparecimento da escola física pode-se associar a uma das múltiplas derrocadas dos sistemas educativos por culpa das leis e contra-leis de ensino do Estado espanhol. Mas começa também com uma esperança: uma professora que não quer que se perca o legado dos seus antecessores e que organiza uma exposição de fotografias em Sort, a capital da comarca, sobre o papel dos professores no mundo rural.
A partir de aqui Cabré tece um maravilhoso constructo narrativo que se torna a história viva da Catalunha, ou, pelo menos, de uma boa parte do país, até a contemporaneidade. Deste modo assistimos as consequências da Guerra Civil, a resistência armada dos maquis ao franquismo, a dura pos-guerra, a abertura nos anos 70 e à reconversão da classe dirigente franquista na classe empresarial, que continua a ter o poder nas suas mãos –é especialmente brilhante o processo de transformação das montanhas a volta de Torena em pista de esqui.
O principal valor da obra de Cabré é a sua solidez narrativa, umas personagens construídas de forma excepcional, que não se desmontam em nenhum momento e a sua disposição constante para a surpresa e a inversão narrativa. Tudo isto faz com que este romance de longa trajectória seja lido com um imenso prazer por parte dos leitores, que fruem com uma linguagem especialmente sensível com cada um dos matizes da natureza pirinaica, de uma trama muito bem construída e que conta com todos os perfis da condição humana e de uma mestria narrativa que convertem As vozes do rio Pamano num livro inesquecível e numa rebelião contra as formas de manipulação da história. Agora também já há quase 400.000 alemães que se deixaram seduzir por este narrador prodigioso, e por um livro que igualmente se pode ler em português, húngaro, espanhol, holandês, italiano, grego, romeno, norueguês e francês.
Comentário de Livro aparecido em Capicua, Uma ponte entre as letras catalãs e portuguesas nº1, Lisboa: CatalunyApresenta, associação cultural, 2010.
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